Imigração Ilegal: Uma Reflexão Pessoal

Ao longo dos anos, testemunhei inúmeras pessoas perseguirem o sonho americano, ansiando por uma vida melhor nos Estados Unidos. Nos últimos dez anos, tenho chamado este país de lar e alcancei minha cidadania americana. No entanto, meu caminho esteve longe de ser fácil. Enfrentei discriminação, não apenas como imigrante, mas também como membro da comunidade LGBTQ+.

Morar em Provincetown, uma cidade conhecida por sua cultura vibrante e aceitação da diversidade LGBTQ+, tem sido um refúgio para mim. Contudo, a jornada para chegar até aqui foi repleta de desafios. Enfrentei humilhações, preconceitos e inúmeros momentos que testaram e me deram resiliência . Para os imigrantes indocumentados, a vigilância não é uma opção, mas uma questão de sobrevivência. Histórias alarmantes de maus tratos estão se tornando assustadoramente comuns, e o clima político transformou-se em um cenário de medo e hostilidade. As ordens executivas do presidente Donald Trump lançaram uma sombra longa sobre as comunidades imigrantes, espalhando ondas de terror nos corações de inúmeras famílias.

Uma dessas ordens, que visa acabar com o direito de cidadania para crianças nascidas de pais indocumentados ou temporariamente presentes nos Estados Unidos, criou uma tempestade legal e social. Apesar de temporariamente bloqueada por um juiz federal, essa ordem continua sendo uma ameaça iminente. Esse ataque às famílias imigrantes deixou muitos se perguntando se os Estados Unidos ainda são a terra da esperança ou se se transformaram em um lugar de medo e exclusão.

A situação tornou-se ainda mais sombria para os brasileiros. As deportações não apenas aumentaram, mas assumiram uma forma assustadora. Relatos de deportados brasileiros sendo algemados durante os voos geraram indignação. As algemas, simbólica e fisicamente, são um lembrete cruel da desumanização enfrentada por aqueles que buscam uma vida melhor.

Recentemente, voltei ao Brasil para me reconectar com minha família, mas a crescente hostilidade contra minorias em ambos os países tornou claro que a luta por igualdade e aceitação está longe de terminar. O medo não é apenas uma sombra ele é uma presença constante. Para cada imigrante brasileiro, há uma pergunta que paira: Meu sonho de um futuro melhor se tornará um pesadelo?

O medo vai além dos indivíduos. Famílias vivem com o temor diário da separação. Comunidades são assombradas pela possibilidade de batidas, prisões e deportações. Os sussurros de desconfiança e ódio, antes distantes, agora são rugidos ensurdecedores. Os paralelos com a história são inegáveis e aterrorizantes. O clima atual nos lembra os capítulos sombrios do passado, quando grupos inteiros foram desumanizados e sistematicamente perseguidos.

Minha decisão de vir para os Estados Unidos foi movida pela esperança, mas a realidade tem sido uma batalha constante. Desde barreiras culturais até as dificuldades com o idioma, cada etapa foi um desafio. E ainda assim, apesar do medo, encontrei força em uma comunidade acolhedora.

Mas o medo não pode ser vencido sozinho. Devemos nos unir, fortalecidos diante da injustiça. A luta por dignidade, respeito e inclusão não é apenas minha é nossa. Não podemos deixar o medo vencer. Juntos, podemos transformar o medo em esperança, a opressão em igualdade, e a exclusão em aceitação.

O sonho de um futuro melhor não é um privilégio para poucos é um direito de todos. Mas a luta para alcançá-lo nunca foi tão urgente ou tão perigosa. A pergunta que permanece é: vamos nos levantar juntos para defendê-lo, ou permitiremos que o medo apague o sonho?

André Ribeiro
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